terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Fim de Semana no Gerês/Xures

Se há algo que se deve saber, para quem já viaja ou faz intenções de, é a existência do CouchSurfing. O CouchSurfing é uma rede internacional de pessoas, com o objectivo de tornar o mundo um sítio melhor para se morar, onde podes partilhar a tua casa com outros viajantes e vice-versa, obter informações sobre outras culturas e regiões, mas principalmene conhecer pessoas bastante interessantes e às vezes fazer boas amizades. (www.couchsurfing.com). Este fim de semana fui a um meeting de couchsurfers no Gerês. No grupo podia-se encontrar nacionalidades como portugueses, espanhóis, franceses, alemães, holandeses, polacos, italianos e um filipino (se não me engano...).















Mais uma vez a tradição continuou a ser o que era... o Gerês embora um pouco sombrio e escondido atrás de nuvens e névoas, com alguma chuva, continua com a sua beleza. Os constrastes entre as montanhas de pedra e o verde da vegetação criam em nós momentos de hipnose, onde combinado com o ar puro e os ruídos da montanha cria o ambiente ideal para uma viagem de reflexão e harmonia, onde passamos a estar bem com tudo, mas principalmente com nós próprios. Sinceramente, o Gerês pertence aquele grupo de lugares em que a cada visita há sempre algo de novo, em que a cada regresso dá vontade de voltar em breve.






O fim de semana passado não foi excepção, principalmente com o excelente grupo que se reuniu. No sábado fizemos uma caminhada pela serra com as devidas paragens para relaxar, tirar umas fotos, comer qualquer coisa, ou simplesmente observar a magnífica paisagem que nos rodeava. Montes, ribeiras, cascatas, vegetação do mais variada, alguns animais fundiam-se a cada olhar, dando a sensação por vezes que estava perante uma obra de arte, mas esta com vida própria e em permanente mudança. Para acabar o dia ficámos instalados na pousada de Vilarinho das Furnas e jantámos num restaurante ali na zona, seguindo-se de um convivío especialmente regado com licor de café, cortesia da malta galega que muito ajudou a animar as almas. No domingo, tivémos um dia mais calmo com uma pequena caminhada até ao topo da Portela do Homem onde se tem uma vista magnífica da serra e seguido pelo momento relaxante, uns banhos de àgua quente em Torneiros, já na parte galega da serra.





Queria aqui deixar um especial agradecimento a toda a malta que fez parte desta caminhada, pelo excelente companheirismo e ambiente que proporcionaram. Um agradecimento especial ao Pedro Macedo pela excelente organização e iniciativa e se não for pedir muito...que a repita porque lá estarei.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Dud Rounds..aquela escapatória



Sou apologista que todos nós devemos ter uma segunda personagem dentro de nós, ou mais. Não confundir personagem com personalidade, pois a minha opinião deixaria de estar válida. Camaleões não são bem vindos no meu habitat (camaleão é aquela espécie animal réptil que se adapta dependendo do ambiente que o envolve). Com o mesmo corpo e personalidade pode-se fazer coisas completamente fora da rotina normal, tipo um escape da vida diária, onde o nosso cérebro se concentre em pensamentos e lógicas totalmente fora do contexto, e onde algumas partes de nós que muitas vezes não podem ser ouvidas ou que são pouco solicitadas possam dar o ar da sua graça e mostrar que estão vivas para qualquer situação. Ao longo da vida vamos acumulando experiências, algumas delas que nos agradam tanto que, embora saibamos que não se pode viver em exclusivo delas, nunca deixamos de a usufruir sempre que nos é possível. A sociedade moderna chama-lhe por vezes hobbies, e como eu acho que não se pode nomear a todas as situações continuo a preferir a palavra escape, embora carros não seja mesmo o meu forte. De entre diferentes e diversas escapadelas, uma das que mais tem contribuído para a tal segunda personagem é a música. Não quero aqui alongar-me em géneros musicais favoritos, até porque tenho um gosto bem generalizado, embora tenha mais preferência a música que pelo menos tenho uma guitarra e bateria. (não vou pôr baixo porque lembrei-me agora do caso dos White Stripes por exemplo). Mas felizmente, não falo de música apenas como mero ouvinte, mas também como praticante. Não tenho nenhum curso, muito menos posso dizer que sei tocar algum instrumento, porque ao longo dos tempos fui sempre desenvolvendo o meu gosto por cantar. Comecei a minha aventura neste mundo com uma banda de punk rock, os Dirty Point, formada por Luvinha na bateria, Puto no baixo, Block na guitarra e comigo a tentar cantar. Não éramos mais que um grupo de grandes amigos, com um gosto musical semelhante. Durante dois anos saíram dali alguns concertos e músicas que ficarão para sempre, além de amizades e experiências que ainda hoje fazem parte do meu dia-a-dia. Depois tive uma experiência completamente diferente, durante seis meses a convite de uma banda de baile, totalmente fora do meu panorama, mas não deixava de ter os seus aspectos positivos, especialmente o monetário. Na universidade decidi ir para a TUA (Tuna Universitária de Aveiro) onde continuo como membro embora não tanto participativo como desejaria. (Mas da tuna falamos mais tarde).





Hoje em dia continuo a ter a minha escapatória, que se chama Dud Rounds. É uma banda com influências rock e punk rock, mas acima de tudo é uma grupo de pessoas que gostam de tocar e usar a tal personagem que há em si. A banda é formada pelo Amaral na bateria, Pimentas na guitarra, Xanax no baixo e mais uma vez, têm de me aturar como vocalista. Este fim de semana pusemos algumas músicas em dia, fica a promessa de um dia colocar aqui uma música ou talvez (aquele grande sonho) uma data....a data do próximo concerto.

Keep Rocking!!!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

São gente pura!

Bem malta vou então explicar-vos melhor quem são os senhores da foto no post anterior.
O que está na torre não precisa de explicações e muito menos me apetece falar sobre ele hoje.
Quanto aos outros dois, pode-se dizer que fazem parte da pureza que ainda se pode encontrar. Numa sociedade como a nossa que se torna mais hipócrita e insensível a cada geração que passa (com algumas excepções), ainda se encontra muita gente de bem, que basta um pouco de conversa para sentir aquele respeito, que são puros no que dizem, no que fazem, que vivem o dia-a-dia sem necessidade de estereótipos, arrogâncias ou falsidades. (bom, contactam um pouco se virem as novelas da TVI).

Manel Mouco, é um entre tantos pastores da Serra da Estrela, profissão que exerce desde os primeiros tempos da sua vida. Manel como tantos outros, Mouco só como alguns, pois para conseguir ouvir um pouco tem de usar um aparelho auditivo. Não é que precise de muito, pelo menos enquanto exerce a sua função, embora valha a pena escutar todos os ruídos envolventes, alguns de uma classe que poucos se podem gabar de usufruir, como o vento da montanha, o cantar do rouxinol pela manhã, a àgua que corre na ribeira ou mesmo o berrar das suas cabras, que traz contadas sempre debaixo de olho, com a ajuda do inevitável Piloto. Tem sempre um calendário da Serra pronto para cada turista que se aproxime, sabe que restaurante deve recomendar, conhece a àrea como ninguém... devo confessar que ele não sabe mas além de pastor é um excelente marketer e relações públicas, mas ele vive num mundo à parte, onde este tipo de habilitações ainda são adquiridas na escola da vida.

O Ti Atónio, (não sei porquê não me parece muita coincidência ter um Manuel e um António), vive com a sua esposa numa casa do século XVIII que pertencia a um padre da aldeia. Apetrechada com a verdadeira adega e lagar, assim como todo um conjunto de alfaias agrícolas, a sua casa é refúgio de fim de semana quando os filhos o visitam, mas principalmente é a base do seu centro de lavoura. O Ti Atónio produz todo o tipo de legumes e frutas, dependendo da época, sem aditivos ou produções em massa, onde o sabor final ainda é previligiado. Mas o que mais me encantou foi a “pomada” que ele produzia. Falo do vinho claro, mas em especial do vinho do porto. O Ti Atónio, já não é tão grande comercial como o Manel, mas também com um vinho do porto caseiro daqueles quem precisa de palavras?? Pois é, tive de trazer um garrafãozinho até Aveiro, com a garantia que não se estragaria... sinceramente com os ratos que lá há por casa, e por aqueles que vão aparecendo, o Ti Atónio pode ficar descansado que ele não chega a ganhar depósito. Além disso, enquanto a placa magnífica lá estiver, poderei sempre renovar o stock.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Vá para fora cá dentro...






Baltazar, além de ser um dos reis magos, também era uma menino muito atrevido. Baltazar desde muito jovem ouvia histórias de como as coisas eram bonitas “lá fora”, e que “lá fora” havia isto e aquilo, e às vezes chegava a haver coisas que nem ele conseguia bem imaginar. Baltazar vivia num bairro de uma cidade portuguesa, e as fronteiras da sua cidade, tornavam-se as fronteiras da sua vida. Não porque Baltazar estivesse preso, ou porque não tivesse oportunidade, mas ele sentia que o grande conhecimento seria adquirido na viagem que preparava “lá fora”, e que o seu país pouco ou nada tinha a acrescentar. Um dia decidiu viajar, fez a sua malinha e pôs-se a caminho. Conheceu várias pessoas. Elas tinham algo em comum, algo que para Baltazar foi muito surpreendente. Pávlina, uma checa de meia idade, deliciava-se ao partilhar as lembranças de umas belas férias que tinha tido com o seu marido na Nazaré. Margaret, irlandesa com raízes muito católicas, sonhava um dia poder visitar Fátima, e questiona Baltazar acerca do santuário. Norman, um surfista alemão, tinha percorrido toda a costa alentejana, e era com emoção que recordava as belas praias, a boa gastronomia e o bom receber e simpatia de todos os que teve o prazer de contactar. Žarko um croata amante de futebol, um dia acompanhou a sua equipa ao campo do Sp. Braga, e ficou encantado com a verdura do Minho, com a tradição e história presente naquela cidade. “Adiei o meu voo e fiquei mais uma semana” dizia Žarko. Baltazar estava incrédulo com a quantidade de pessoas que conheciam diferentes cantos do seu país, mas infelizmente Baltazar nunca teve resposta para eles...porque as fronteiras do seu país coincidiam com as da sua cidade.

É caso para dizer...pois é Baltazar, Portugal tem muito para dar!






Ao longo dos seus 92.391 km² Portugal oferece uma variedade de sabores e tradições, gentes e costumes, entre planícies e montanhas, praias e ribeiras, ilhas e encostas.






Defendendo que devemos conhecer primeiro o que é nosso, e perante a a escolha que temos a poucos quilómetros de distância, decidi dedicar (mais) algum tempo a rever ou a conhecer algumas paisagens, deliciar-me com os nossos sabores, sorrir com a nossa gente. O último fim de semana foi dedicado à beira interior. Além do ar puro, do sol forte da manhã e do frio que cai com a noite, as belas paisagens cruzadas com as vilas e aldeias, cheias de história, são um belo tema de conversa para começar um serão, numa boa mesa de madeira, cerca da lareira, recheada com queijo e presunto serrano, uma travessa de cabrito ou vitela, tudo bem regadinho com um bom vinho local. Para sobremesa...peça o doce da terra, pois nas beiras, cidade ou vila que se preze, tem sempre um doce tradicional para defender.

Com isto tudo, vou jantar que a água já nasce na boca!


PS: Obrigado pela companhia!




quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Bristol...um ano depois!!





Em Janeiro de 2006 embarquei numa aventura chamada Contacto. Para quem não sabe o programa Inov Contacto – Estágios Internacionais de Jovens Quadros é um programa desenvolvido no âmbito do Plano Tecnológico, apoiado pela União Europeia e pelo PRIME e gerido e coordenado pela AICEP. Basicamente, são estágios onde as pessoas seleccionadas são colocadas em empresas no estrangeiro, durante 6 ou 9 meses. Para mais informações (www.networkcontacto.com). Depois de 2 semanas de sacrifícios e indecisões, num estágio surreal num hotel no Porto, ditou a sorte que eu fosse para os laboratórios da Hewlett-Packard em Bristol, UK, durante nove meses. Só este simples facto daria um livro. Seria ingrato, ou mesmo impossível, se eu tentasse resumir 9 meses de aventuras e desaventuras nas terras de sua majestade em apenas uma mensagem. Pelo caminho ficaram visitas a Suécia, Escócia, Irlanda, País de Gales, Costa da Cornualha, Manchester, Oxford, Stonehenge, Salisbury, etc..... e de propósito ficam para o fim os fins-de-semana em Londres, onde a partir do base do “castelo”, havia sempre mais um concerto, mais uma noite de loucura e descobertas. Isto tudo sempre com as melhores companhias.





O 65b Whiteladies Road em Bristol ficará para sempre. Bristol é a maior cidade do oeste da Inglaterra com uma população de cerca de meio milhão de pessoas. Banhada pelo rio Avon, sempre foi uma cidade de mercadores e foi também uma das cidades propulsionadoras da revolução industrial inglesa. Como exemplo estão as obras de Brunel como o SS Great Britain ou a Clifton Bridge que ainda se podem visitar na cidade. Como curiosidade, fiquem a saber que Bristol é cidade-irmã do Porto devido às trocas comerciais especialmente de vinho do porto. Encontram-se na cidade duas universidades importantes. (http://visitbristol.co.uk/).

A colocação em Inglaterra onde existe dezenas de culturas diferentes e também numa empresa multicultural como a HP deu-me a oportunidade de partilhar experiências com pessoas dos mais diversos cantos do mundo. Foi um grande salto na minha vida, sinto que alarguei muito a minha visão, abriram-se novas portas mas acima de tudo ficaram as amizades. Por isso, e passado um ano do meu regresso, resolvi visitar a minha cidade, os meus amigos.




Posso dizer que a chegada foi um pouco nostálgica. Deu-me a sensação que voltava a casa. Caminhei de estação de autocarros até ao cimo da Park Street. Cada canto e recanto tinha a sua história, cada cheiro e cada odor espalhava em meu redor mil e umas imagens, que me faziam sentir que existia algo de mim espalhado por ali.

Ficou comprovado no bom fim de semana que passei, revi amigos, revivi noites, sabores e sensações... e como o que é bom acaba depressa, fica aqui a vontade e a promessa que em breve voltarei.