segunda-feira, 28 de abril de 2008

O caloiro perdido da TUA....

Através de informações fidedignas, vindas dos serviços secretos Russos e Finlandeses, posso afirmar que mais uma vez o FITUA foi um sucesso. Outra hipótese não seria possível. Como vos disse, não foi possível estar presente. Mas como eu sou bastante teimoso, ainda deu para passar por lá, por breves momentos. A pedido da malta contei mais uma história de um caloiro... para aqueles que pediram aqui vai...

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Liberdade!



Estar fora do país e ser feriado em Portugal é algo perfeitamente normal, não fossemos nós um dos países com mais feriados. Mas hoje não é um feriado qualquer...
Acordei, mais um dia de trabalho me espera. Dentro da rotina normal diária, pego na minha bicicleta e pedalando ao longo dos meus atalhos, sempre junto ao lago e por meio dos bosques, lembrei-me que dia é hoje. O primeiro pensamento claro, um pouco de revolta, pois tenho de trabalhar num dia que deveria festejar...mas isso faz parte da minha escolha! Logo depois mil e uma recordações, do meu país, do que agora posso dizer, escrever,pensar, do que posso usufruir bastando para isso lutar, ainda que por vezes em batalhas desiguais, pois Abril ainda carrega muitas lacunas... em contraste recordo-me de muitas histórias que desde sempre ouvi, de como era esse passado que me é tão próximo, mas felizmente não tive de o viver. Aliás onde estaria eu e o que faria se não tivesse havido Abril? Para que não haja repetições, é preciso não deixar esquecer, o sofrimento e opressão que muita gente passou, por isso, cabe-me a mim e a todos os mais jovens passar a palavra, pois usufruimos deste sentimento único... (respiro fundo...pedalo...respiro fundo outra vez)

Como é bom ser livre!!!

Felizmente há palavras que valem mais que mil e uma imagens. Deixo-vos um pequeno excerto de um dos grandes poetas de Abril

(...)

Ora passou-se porém
que dentro de um povo escravo
alguém que lhe queria bem
um dia plantou um cravo.

Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era a liberdade.

Era já uma promessa
era a força da razão
do coração à cabeça
da cabeça ao coração.

(...)

Porque a força bem empregue
contra a posição contrária
nunca oprime nem persegue
– é força revolucionária!

(...)


In “As Portas que Abril Abriu” – José Carlos Ary dos Santos

quarta-feira, 23 de abril de 2008

XVIII FITUA - 25 e 26 de Abril - CC Aveiro



Este fim de semana realiza-se o XVIII FITUA. Para quem não sabe o FITUA é um festival internacional de tunas, organizado pela Tuna Universitária de Aveiro, que tão orgulhosamente pertenço. Estando na 18ª edição, o FITUA é neste momento um dos principais eventos culturais da cidade de Aveiro e da academia. Ao longo destes anos, tunas de Portugal, Espanha, e países da América Latina marcaram presença, animando as longas noites e tardes da nossa bonita cidade.
Infelizmente, este ano não vou poder estar presente, mas aconselho a irem até ao Centro Cultural de Congressos na sexta ou sábado à noite ou, talvez, até à Praça do Peixe, onde as tunas normalmente se reúnem e fazem a sua festa. Aveiro vai ser diferente, é fim de semana de FITUA!!!

A ordem provisória e dias de actuações é:

SEXTA-FEIRA (25 Abril):

- TFAAUAv(extra-concurso)
- TUIST
- EUL
- AZEITUNA
- TUNFV(Peru)
- TUA(extra-concurso)

SÁBADO (26 Abril):

- CTUA(extra-concurso)
- TAL
- DERECHO SANTIAGO(Espanha)
- LUZ&TUNA
- EUC
- TUA(extra-concurso)

Malta bombem largo, porque FITUA não é quando o homem quer, é só uma vez por ano!
Vou estar por aqui roídinho de inveja!-(

Viva a Tuna Universitária de Aveiro!

PS: Para informações e bilhetes consultem o site da TUA www.tua.com.pt

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Confissões...

Sabes como sempre te fui fiel… embora a minha paixão por ti permaneça, achei por bem dizer-te, pois esta é a forma mais justa para que as coisas aconteçam. Passaram-se 40 dias longe de ti, e como nos últimos tempos que aí estive andámos um pouco desencontrados, a necessidade foi aumentando dia após dia. Recordo-me dos momentos que passamos sós e bem juntinhos, entre montes e florestas, rios e ribeiras, praias e dunas, cidades e aldeias, tu nunca me abandonaste e sempre deste tudo para que levássemos as coisas até ao fim. Levaste-me onde mais nenhuma me conseguiu levar, sem ti teria perdido grandes dias da minha vida. Lembro das tardes em que te banhava, e lentamente e com todo o carinho te esfregava, e por fim passava-te aquele creme para que ficasses bem escorregadia. Cuidava de ti quando alguma coisa não estava bem, mesmo por vezes quando o tempo era pouco. Mas desta vez fraquejei, e a vontade foi mais forte, um pouco também por culpa dos finlandeses que insistiram para que saísse com ela. Enfim, foi amor à primeira vista, e, embora não tenha os teus dotes, consegue pelo menos fazer-me esquecer um pouco de ti.
Sim.....é verdade... desde sexta-feira que ando a montar uma 100% finlandesa.
Mas por favor não desespereces, isto será temporário, e é apenas uma loucura sem sentido. No meu regresso estou certo que estarás a minha espera, e contigo espero passar muitos mais bons momentos.


Aquela que agora monto todos os dias

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Comos e Porquês do primeiro Mês Finlandês

“Comos e porquês do primeiro Mês Finlandês” é um conjunto de vídeos piratas, gravados com as técnicas mais rudimentares possíveis, desde câmera, microfone passando pelo estúdio e guarda-roupa e acabando nos interpretes. Rato Mitra das Neves, rato nome de baptismo que ganhou em Vasconha de Queirã donde é original, mitra pelas passagens que fez pela Ribeira do Porto e afins e das Neves graças ao frio que tem passado neste último mês, foi o seleccionado para explicar e responder às vastas perguntas diárias que chegam do cantinho à beira mar plantado, e não só. Inicialmente era previsto ser apenas um monólogo, mas visto que Rato Mitra das Neves nunca se separa do seu fiel companheiro Picas, acabou por vezes em diálogo, embora Picas não colabore muito, devido talvez ao seu estado de embriaguez ou por adaptação feita às pessoas que o rodeiam.
Em jeito de sátira, foram abordados alguns assuntos do quotidiano deste último mês e alguns dias. Devo dizer, sem ironias, que houve algum exagero na apresentação dos conteúdos, e que de verdade existem boas pessoas por aqui, que me têm ajudado e feito com que a distância aos mais chegados não seja um motivo para desmoralizar. Embora aborde obviamente os pontos menos bons, existe muitos pontos positivos, principalmente a nível profissional, visto ser esse o porquê da minha estadia por estas terras. Em resumo e para quem interessa, posso dizer que sinceramente, o primeiro mês ultrapassou as minhas expectativas mais positivas. Por isso só posso dizer..venha o segundo....

Parte I - Os Finlandeses



Parte II - O Tempinho do Senhor




Parte III - As Xinatas



Parte IV - Encher o Bandulho



E para quem aguentar....

Parte V - A primeira do Tope

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Riga, Latvia

Chegaram a ser aos milhares, soldados russos e Nazis, que caminharam em direcção aos países do Báltico. Desta vez, sou apenas um, venho do norte embora as minhas raízes estejam lá bem a oeste, mesmo no extremo onde a Europa acaba e começa a imensidão do meu tão adorado atlântico, companheiro de boas lembranças mas também de desabafos, conselheiro nos momentos de reflexão e presença assídua nos de diversão. As minhas conquistas são bastante diferentes, e terei o objectivo cumprido, quando perceber como este povo lutador, conseguiu permanecer com a cultura forte que os caracteriza mesmo depois de tantos anos de ocupação e opressão. Estou a caminho de Riga, na Letónia ou Latvia como tão orgulhosamente o dizem.







Desta vez decidi ir de avião devido à distância/ pouco tempo que tinha. Tento evitar sempre aviões, não por receio, mas por achar que de avião não se viaja, apenas há uma transferência de lugar, sendo o tempo entre ida para o aeroporto, check-in, voo, esperas, um buraco temporal na nossa vida. Nada se aprende durante esse tempo, a não ser que se mate o tempo a ler um bom livro, por exemplo. Era nisto que pensava, enquanto o comandante já avisava que em breve iriamos aterrar. Até foi rápido, pensava eu! Mas, a primeira tentativa de aterragem falhou e o avião voltou a ganhar altitude. O comandante avisa que devido ao nevoeiro estava a ter dificuldades e que iria fazer mais uma tentativa, que viria por falhar novamente. Então informou que ia passar ao plano B, que não percebi qual seria. A confusão instalou-se, e entre umas finlandesas que passaram o resto da viagem a discutir e arranjar soluções e os finlandeses que já se iam adiantando para a festa com umas latas de cerveja decidi ficar no meu canto e esperar. Passado 30m estavamos a aterrar. Qual era o meu espanto, que quando estou a entrar na gare do aeroporto vejo uma placa a dizer.. Bem-vindo a Lituânia! Desta não estava eu a espera, em pisar mais um país, forçosamente neste caso. Não é que me parecesse mal uma visita, até porque pelo pouco que vi e li, vale a pena uma visita em especial no Verão, mas eu queria mesmo era ir para Riga. Parece que foi castigo, pois tive mesmo de andar de autocarro. Mais 3h30 de viagem, incluindo passagens de fronteiras, mais rápido do que seria no passado devido a Letónia e Lituânia pertencerem ao Espaço Schengen. Finalmente chego a Riga onde está a minha espera a couchsurfer Kristīne que me vai acolher durante estes dias. A Kris é uma estudante de medicina, que está no final da sua formação, trabalha aos fins de semanas para arranjar uns trocos. É uma pessoa extremamente dócil, educada, sempre pronta a ajudar e a fazer com que uma pessoa se sinta em casa, e como qualquer couchsurfer gosta de viajar e entrar em contacto com culturas diferentes. Aprecia em particular a cultura espanhola, país onde vai estudar em breve, talvez por ter feito o Caminho de Santiago, desde os Pirinéus. Conversámos, um pouco enquanto eu bebia um chá, mas há que descansar que amanhã tenho Riga para descobrir.









Riga é a maior cidade dos estados bálticos. Fica situada na foz do rio Daugava, numa enorme baía. Tem cerca de 700,000 habitantes, na maioria letões, mas também alguns russos e polacos. A moeda da Letónia é o Lats e 1 euro é aproximadamente 0.7 Lats. O centro histórico de Riga foi considerado património mundial pela UNESCO principalmente, pelos vastos exemplares de arte nova que ali se encontram. Tem uma história recente muita parecida a de Tallinn, devido as ocupações no último século, mas, a cultura é muito diferente. Era ignorância minha, quando pensava que estes estados do báltico seriam muito similares. Embora a distância entre eles seja curta, são notáveis as diferenças, começando logo pela língua, esta com uma fonia mais semelhante as correntes da Europa central, pela arte, pela comida, pelas tradições. Fiquei espantado, como este povo que não deixa de ser do norte aprecia e cuida a sua comida, por exemplo. Posso-vos dizer que em Riga se pode comer sobremesas e chocolates tão bons como os belgas, queijo comparável ao francês ou mesmo broa de milho semelhante à nossa, embora mais escura. O que mais gostei de provar foram os biezpiena sierins, que são uma espécie de snacks feitos com leite coalhado e misturado com chocolate, tendo depois vertentes com vários sabores.
A explicação para este fenómeno, será o ponto estratégico onde Riga se encontra. Desde sempre foi um porto onde muitos povos fizeram o seu comércio, e alguns deles por ali foram ficando.
No primeiro dia, fiz a visita ao revés, desde a casa da Kris que fica nos arredores até a cidade velha. Entre trams e autocarros eléctricos a agitação não é muita. Nota-se alguma melancolia nas pessoas, especialmente as mais idosas, que passaram por todas as transições e guerras dos últimos tempos, e vêm no sorriso dos mais novos a esperança e o cumprimento de um objectivo, que demorou séculos a ser conseguido e onde milhares de letões foram mortos, numa tentativa de eliminar todas as raízes éticas e culturais. Felizmente, este povo é lutador e apesar de todas a contrariedades, conseguiu permanecer com as suas raízes e hoje são a base de um país democrático. Como é bom ser-se livre!











O centro de Riga gira em volta da cidade velha, onde estão as principais igrejas, maioria luteranas, e onde está evidenciada toda a riqueza da arte nova. Outros sítios interessantes são a Catedral Ortodoxa, a casa da ópera, o castelo de Riga, a Torre Powder a única que sobrevive das antigas muralhas medievais, o relógio central que é o principal ponto de encontro de riga, que fica perto da estátua e praça da liberdade. Fora da cidade fica a torre de radio e TV, a 3 maior da Europa, que fica situada numa ilha. Para perceber bem a história deste país e o sofrimento passado por este povo aconselho a visitarem o museu de ocupação da Letónia, onde é retratada com histórias e fotos, algumas chocantes, a história negra deste último século.

Aqui ainda há muito trabalho a fazer, e embora a Letónia tenha uma das economias que mais tem crescido nos últimos anos na Europa, nota-se, especialmente nos arredores, que esta cidade necessita de ser renovada, mais a níveis de edifícios e infrastruturas. Pouco a pouco se vai recontruindo o país. Na minha opinião, Tallinn está mais adiantada quanto a restruturação, quer de edificios como de serviços, especialmente na parte do turismo.






No domingo assisti a algo curioso. Numa das principais praças da cidade, reunia-se uma multidão de pessoas, cada um com as mais variadas formas para conseguir fazer...bolinhas de sabão. Milhares de bolas, de tamanhos diferentes cruzavam-se no ar. Desde crianças a adolescentes, com alguns graúdos pelo meio, a diversão e alegria era geral. Alguns vestiam-se de forma carnavalesca, talvez para comemorarem o momento ou para serem apanhados pelas várias objectivas que por ali circulavam. Perguntei se seria algo especial. Não, aquele encontro não tinha nada em especial. Mais tarde explicaram-me que é normal combinarem este tipo de encontros em que toda a gente tem de fazer o mesmo, como por exemplo, trazer um jornal para a praça e desfolheá-lo ao mesmo ritmo, ou ter que ir comprar um determinado produto a um determinado sítio fazendo com que ele se esgote num ápice. Curioso, o que estes letões fazem para passar o domingo, que é sempre um dia tão chato.





Passei bons momentos, fui recebido de uma forma muito acolhedora. Parto, com a sensação que a missão ainda não está completamente cumprida, e que este povo ainda teria muito mais para dar.
Obrigado a Kris pela hospitalidade e por ter sido uma representante tão digna do seu país. Tinha saudades de sentir a amizade e o carinho de alguém.