sábado, 29 de março de 2008

Tappara, a minha nova equipa


Diz o velho ditado que em Roma há que ser romano. Em conversas já conclui que cada país tem um ditado muito parecido, ou pelo menos com o mesmo significado. Aliando esta filosofia ao facto do meu Benfica andar longe dos velhos tempos e a nossa selecção só nos dar dissabores, decidi saber pelo que se interessam pessoas que metade do ano estão cobertas de neve... resposta muito fácil..a principal liga aqui é de hóquei no gelo. Lembro-me quando era miúdo ter um jogo de hóquei no gelo e que adorava. No caso era de NHL a liga norteamericana. Não menos competitiva é a liga finlandesa SM-liiga. Em Tampere existem duas equipas Tappara (http://www.geocities.com/colosseum/track/3588/english.html) e Ilves, que lutam sempre pelos lugares cimeiros. Um dos meus colegas de trabalho, o Niko, é fan dos Tappara. Fui com ele assistir um jogo dos quartos de final, e devo dizer que adorei.











A dedicação, a força e a vontade que estes jogadores demostram em campo é qualquer coisa. Aliada à preparação física ainda existe a condição do equilibrio, tudo isto onde o contacto físico é permitido. Dá gozo ver um jogo destes. Escusado será dizer que agora vejo todos os jogos e que a minha equipa claro está...Tappara.







Tappara significa em finlandês machado de guerra, o mesmo usado pelos vikings, como aliás se pode ver no símbolo. Desde 1954 já foi 15 vezes vencedor da liga. A arena onde jogam chama-se Tampereen jäähalli, também conhecida por Hakametsä, e é o maior recinto coberto para ice-hochey da Finlândia.

Desde novo pratiquei sempre desportos diferentes, alguns deles em competição. Se tivesse nascido na Finlândia não teria dúvidas qual teria sido a minha escolha.

No jogo que assisti Tappara ganhou 4-1 conta os JYP. Agora estão nas meias-finais (melhor de sete) mas defrontam o principal candidato deste ano, os Karpat. Vamos lá ver como corre desta vez!

Força Tappara!!

segunda-feira, 24 de março de 2008

Tallinn, Estónia

Aqui era apenas mais uma quinta-feira à noite, no meu país chamam-lhe quinta santa. Significa que a Páscoa está já aí e, embora não muito festejada na Finlândia, sexta e segunda são considerados dias de férias. Perante esta situação tinha duas hipóteses..ficar em casa a pensar em folares com manteiga e café quentinho todo o fim de semana ou...dar mais um saltinho para esquecer e aproveitar para conhecer mais um pouco e quissá viver mais umas aventuras. Claro está que a decisão não foi difícil. Peguei no mapa, olhei, olhei outra vez...e como até tenho 4 dias...que tal Tallinn, na Estónia? Como ninguém respondeu, fiz a minha malinha e na manhã seguinte pus-me a caminho.





A primeira parte da viagem foi feita de comboio entre Tampere-Helsinquia. E que bela manhã! Finalmente as cores escuras e sombrias deram espaço ao sol, e este, não alheio à rara oportunidade concebida, decidiu deslumbrar-me com um pouco de luz e brilho, realçando espaços que até aqui se encontravam como hibernados entre a névoa e melancolia. Esforçei-me para não adormecer...entre a janela surgiam lagos gelados, matas cerradas cobertas pela neve, casas de madeira de quando em vez, mostrando o lado mais típico desta Finlândia que me vai conquistando. Tudo isto claro embelezado pela verdadeira luz que nos ilumina, a verdadeira luz que nos faz sentir tão bem e pelo vistos, até a um finladês consegue sacar um sorriso. O reflexo é intenso, em especial, quando aparecem imagens onde não se consegue obter um fim, onde a imensidão de branco traz confusões à minha retina, e começo a pestanejar. Uma...duas....três....zzzzz...acordem-me em Helsinquia.

Chegado a capital, decidi não perder muito tempo a tentar descobri-la. Até porque a viagem dura sensivelmente 2h, e claro está, hei-de dar uns saltinhos até cá. Dirigi-me ao porto onde se apanham os ferry boats para Tallinn. Depois de uma longa caminhada e de alguns obstáculos estou finalmente no barco. E que barco...para quem esperava apenas um ferry com uns lugares para se sentar, esta barcaça tem muito que se lhe diga. Pode-se dizer que é como um cruzeiro (diferentes restaurantes, bar com pista de dança, supermercado, salas de jogos, quartos para alugar). Atravessei o báltico, a observar, pasmo e sereno, um pouco reflexo da solidão que se fazia sentir. Depois de pesquisar todo o ferry, pensei fazer a viagem na parte exterior. Rapidamente mudei de opinião devido ao frio cada vez mais intenso, e recolhi a um canto estratégico. Daqui admiro de tudo...desde os comportamentos diferentes deste verdadeiro povo do norte até a beleza das suas mulheres, passando pela janela onde está o mar...este chamado báltico, mas seja o meu atlântico, mediterrânico ou adriático o sentimento não deixa de ser comum. As ondas embalam-me e correm para sul onde está Tallinn à minha espera.







Tallinn é a capital da Estónia, e conta com cerca de 400 mil habitantes. A moeda utilizada é coroa (Krooni) Estónia, em que 15 equivalem com arredondamentos a 1 Euro. Numa história mais recente é sede de um parlamento independente desde 1992, fazendo parte da União Europeia. Até então foi dominada alguns séculos atrás por dinamarqueses, suecos e russos, conseguindo ter sido independente durante alguns anos até a segunda guerra mundial onde foi ocupado pela Rússia e mais tarde pelos nazis. Depois da retirada dos nazis foi ocupada novamente pela ex-URSS, o que leva ainda nos dias de hoje a existência de bastante influência russa pela cidade. De notar que a cidade foi completamente destruída durante a segunda guerra, mas a parte antiga, a parte medieval, conseguiu sobreviver a todos estes episódios negros da nossa história.


















E foi aí, bem no centro da cidade antiga que me instalei no hostel With No Name, um espaço extremamente acolhedor, onde a sala representa o boom de todo casa. Aí conheci alguns outros viajantes de diferentes partes, inclusivé de Portugal, muito bem representado pelo Júlio, natural de Gaia e estudante na Finlândia. Tal como eu, viajava sozinho tentando abstrair-se da data em questão. Tivémos boas conversas, passando também por bons acordes que foi tirando da guitarra que ali se encontrava. Seguramente, repetiremos, num outro canto qualquer, numa outra sala. Havia também algum pessoal de Erasmus, maioria alemães, vindos da Finlândia. No último dia chegou um enorme grupo de espanhóis, e foi logo agitação instalada.











Na parte exterior das muralhas cresce uma cidade moderna e cosmopolita, especialmente após a adesão a UE. Da parte de dentro, conservam-se fachadas, casas típicas do séc. 11 e 15 D.C, templos luteranos e ortodoxos, praças, tradições que em uníssono criam o ambiente ideal para um fim de semana completamente diferente, entre o medieval a influência russa, com tranquilidade e com direito a uma viagem até a alguns séculos atrás. O turismo está bem organizado, e a Old Town preparou-se para receber os convidados que agora chegam de toda a parte do globo. Esta parte da cidade está considerada como património mundial pela UNESCO desde 1997. Experimentei sabores diferentes, assisti a uns concertos, caminhei, tirei as minhas fotos, fui conversando com gente que se cruzava no meu caminho, diverti-me nas longas noites de Tallinn.








Surpreendentemente fui a uma festa de salsa, cortesia do Christian, que geria o hostel, tornando-se ele também como mais uma pessoa que fica marcada, devido a humildade, simpatia e prontidão que sempre demonstrou. No último dia conheci a Evi e a Kathi, alemãs que também estão a estudar na Finlândia, e acabámos por sair para mais uma festa e fazer a viagem de regresso a casa juntos. No barco enquanto as minhas companheiras dormiam ao sabor do balanço, conheci o Manuel, galego viajado que curiosamente mora em Tampere e que seguia a estudar um livro de gramática portuguesa e o Josep, catalão, outro viciado em viagens, que já morou em Lisboa, e segue activamente, melhor que muitos portugueses, a nossa política e economia. Com eles partilhei boas ideias e pontos de vista, histórias e curiosidades entra a nossa língua e o galego. E imagine-se...sempre em bom português.

É assim, mais alguns bons contactos a adicionar, mais umas histórias para um dia mais tarde recordar, mais umas lições sobre a Estónia, Alemanha e Finlândia aprendidas, mais uma Páscoa fora de toda a normalidade.

Em exclusivo agora para a malta que aprecia a beleza feminina (nos dias que correm já não se pode dizer exclusivo para rapazes, porque mesmo alguns desses não se iam interessar), eu tinha o meu paraíso ( defina-se paraíso neste contexto como maior número de mulheres sexys e bonitas por metro quadrado ) num clube que ficava num terraço mesmo no centro de Ljubljana, Eslovénia. Que me perdoem, mas a fasquia aumentou...e agora está bem no centro de Tallinn no clube Hollywood. Aconselho.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Boa Páscoa!



Nesta vida de saltitão existem momentos, em que estar quietinho por casa também era uma óptima opção. Embora me comece a acostumar, é sempre difícil estar longe de certas pessoas principalmente em momentos especiais, como este fim de semana.
Na primeira Páscoa que a minha afilhada vai passar, o seu rico padrinho vai andar perdido algures por aí... mas sem se esquecer do momento especial que é, mantêm-a sempre na lembrança, desejando poder passar muitas mais Páscoas a seu lado.

Para a minha afilhada linda, os meus padrinhos, a minha família e os meus amigos

Uma boa Páscoa.

domingo, 16 de março de 2008

Reporrrterrr Siberria!

Nestas viagens existem sempre encontros e desencontros.
Mas para qualquer lado que vá, encontra-se sempre mais um português, o que é sempre bom e calha bem.
No meio da neve, andava perdido o repórter sibéria.
Tive uma pequena conversa com ele.. cuidado que meninos menores de 16 anos não podem ouvir, devido a algum contéudo menos próprio..ehehheh

Tampere, Finlândia


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Uma vinda a Finlândia era algo inevitável, que eu sabia que se concretizaria, num futuro próximo. A nível profissional, trabalho numa empresa (www.optieng.com) que além de outras coisas, funciona como export group de empresas finlandesas para o mercado ibérico. Uma dessas empresas é a Metso Automation (www.metsoautomation.com) na qual estou inserido num projecto da CELBI, Figueira da Foz. A primeira parte é feita em Tampere, Finlândia, o que levou a eu dar mais um saltinho e vir parar, durante quatro meses, a esta manta de retalho gelada chamada Suomi. Foi essa a primeira impressão que tive, quando acordei no avião e olhei pela primeira vez o solo finlandês. De ainda muito alto, observava o solo, mas como estava noite escura (coisa normal por estes dias) não se percebia muito bem o que deslumbravam tamanhas manchas. À medida que o avião descia, ia começando a distinguir, até que apareceram nítidos, centenas de pequenos lagos gelados, que me avisavam e me ajudavam a preparar psicológicamente para o frio que me esperava lá em baixo. Fisicamente, é outra história, embora com um bom casaco se consiga sobreviver e levar uma vida quase normal.
Nesta primeira semana, ficou comprovada a eficácia e simplicidade deste povo. Posso-vos dizer que já tinha uma casa pronta a habitar à minha espera, e que rapidamente resolvi o problema de instalar a net em casa, sem complicações ou exigências de papeladas, passes de autocarros, etc. Foi um bom começo para esta nova aventura, sentir que estou inserido numa sociedade onde globalmente as coisas funcionam, mesmo sendo estrangeiro. Uma coisa que facilita imenso, é o facto de ter muitas coisas traduzidas em inglês (sim porque a língua destes senhores não se assemelha a nada) e toda a gente o falar fluentemente.













A cidade de Tampere (http://www.tampere.fi/english/index.html) foi fundada em 1779, conta com cerca de 200 mil habitantes, está no sul da Finlândia, e situa-se entre os lagos Näsijärvi e Pyhäjärvi. De notar que os lagos têm uma diferença de 18m entre eles, o que levou na altura a que muita indústria se instalasse na região, em especial nas margens do canal que ligam os dois lagos, pois da corrente natural formada, conseguiam obter uma óptima fonte de energia para as fábricas. Tampere era reconhecida como a Manchester da Finlândia devido a serem ambas duas cidades com indústria pesada bem no centro da cidade. Ainda hoje se pode verificar estes edifícios fabris, embora apenas um ainda esteja no activo. Dos outros foram criados espaços de lazer e comércio, teatros e espaços culturais e alguns escritórios. (fez-me recordar a nossa fábrica dos Campos embora, na minha opinião aqui o aproveitamento esteja um pouco melhor, especialmente a parte cultural). Desta tradição fabril, nasceram empresas de suporte e maquinaria, com nome sonante em toda a indústria mundial.











Sobre a Finlândia e claro Tampere vão incidir os próximos posts.
Começou a contagem para os quatro meses em terras geladas e longínquas.
Vamos lá ver se isto começa a aquecer!!

Tavataan myöhemmin!
Kiitos!

quinta-feira, 6 de março de 2008

El Açor IX



Há 7 anos atrás tomei uma decisão que modificou muita coisa na minha vida. Entrei na TUA, Tuna Universitária de Aveiro (http://www.tua.com.pt/) (http://tuniversitaria.blogspot.com/). Além de modificações físicas, como uns quilinhos a mais, algumas lesões devido a “grandes esforços” e até alguma “caspa no fígado”, acima de tudo ganhei um grupo de amigos. Além de se poder juntar o útil ao agradável, com a possibilidade de tocar música e poder viajar, a tuna foi para mim também uma escola de vida. Durante o tempo que fui caloiro (2 anos e meio) foram reforçadas algumas ideias e ideais tais como trabalhar em grupo, nunca abandonar ou trair um colega, espirito de sacrifício e acima de tudo vontade de vencer e chegar ao objectivo tão desejado, por mais entraves ou barreiras que se coloquem. Participei também na organização do FITUA, o que dá trabalho, mas no fim dá um prazer enorme de dever cumprido, e ouvir pelas ruas da praça, depois de mais um concurso da tuna mais bebedoura... “O FITUA é o festival!!”. Ao longo destes anos tive o prazer de acompanhar a TUA às melhores salas de concertos e espectáculos de Portugal, onde a cada fim de semana de saída trazemos na bagagem mil e uma histórias para contar (não me vou prolongar devido a nossa honrada regra da ponte da IP5) e sempre com mais um ou outro prémio que fica sempre bem na grande prateleira da sala de ensaios.




No último fim-de-semana, fomos durante 5 dias para os Açores, mais propriamente, Ponta Delgada na ilha se S. Miguel, para participar no festival El Açor IX. Mais uma vez, e sem surpresas, uns dias bombásticos, onde nos aconteceu coisas normais tais como, multas por posses de armas (de alarme..não somos perigosos..só às vezes pronto..), acidentes de carro (quem é que deixou o Xanax conduzir??), barcos sem leme à deriva no oceano (sorte que tínhamos umas minis e as guias) ou mesmo andar de autocarro só em duas rodas numa estrada ao lado das rabinas para o Atlântico. À parte destas coisas banais, foram 5 dias de festa, com muita música, passeios pela ilha, pequenos almoços nas tasquinhas, e claro sempre com umas cervejitas pelo meio. Frases como “pega dreit”, “vout xacarrolá tode”e a famosa “Blicas fritas com molho de naion” vêm acrescentar o nosso vasto cancioneiro, já com frases de várias línguas, agora também com a actualização em açoreano.








Fiquei com a ideia de que se Deus, ou os deuses, realmente criaram a terra, aos Açores coube a parte do jardim...mas não um qualquer, onde cada pormenor da natureza não foi feito ao acaso, e cada sítio foi rigorosamente pensado para criar em nós uma sensação de beleza natural fora do comum, onde até mesmo os deuses pasmam perante certas vistas. Já agora, aos deuses que criaram, que o tentem manter, pois um jardim assim merece, e existem alguns ocupantes que estão a estragar o que de natural surgiu.















Para concluir, regressamos a Lisboa com algumas lembranças, para a gente cá do contenente sentir uma brisa do que lhes espera no meio do oceano. A TUA não foi excepção, e na malinha trouxe o prémio de melhor música original e o prémio de segunda melhor tuna do festival.
Por motivos profissionais e pessoais vou-me ausentar durante uns tempos, mas não em definitivo da minha que também é a TUA. Malta, continuem a bombar, em especial a mega caloirada...








Como diria um amigo...Aquele abraço!!!!