quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Cuzco

Nesta manhã inesquecível proclamamos a frase que nos vai acompanhar por toda a viagem, e que tem tanto de crua como verdadeira: “Deixámos de dormir, passámos a bater sestas”.
Benvidos a cidade que foi a capital do Império Inca, benvindos à capital dos Andes, benvindos à auto-proclamada capital cultural da Latina América.
Cuzco (que significa umbigo do mundo em quechua) encontra-se a 3500m de altitude, bem no coração do planalto dos Andes. Como todos os comuns dos mortais como eu que vivem ao nível do mar, passo por um período de habituação devido ao chamado mal de altitude. Normalmente o cansaço e dores de cabeça são os sintomas mais habituais. Mas sinceramente, estou ainda tão zonzo que nem sei que mal hei-de chamar a isto... ficamos hospedados na Casa Familiar Ochoa, um sítio simpático e acolhedor onde à nossa espera está um bom maté de coca (chá de folhas de coca), que nos relaxa e ajuda a ambientar. Tratada a burocracia e com os bilhetes prontos iniciamos a decoberta da cidade, a descoberta desta mistura de incas com colonizadores. Ao redor da cidade encontram-se entre os melhores exemplos arquitectónicos desta civilização que durou pouco mais de 3 séculos(1200-1533) sendo exterminada pelos colonizadores espanhóis, que, por exemplo, como demostração do seu poder, construíam igrejas no topo dos templos incas.



Um bom exemplo disso é a exótica Catedral de Cuzco que fica na Plaza de Armas, com uma enorme imponência, rica em grandes obras da escola de artes cuzqueña, apresenta nas diferentes naves estilos que cruzam o gótico e numa perspectiva mais renascentista o barroco e o neogótico, prova que desde a construcção da primeira capela em 1539 houve a preocupação de ampliação e aplicação dos vários estilos da época. A mistura destes vários estilos e principalmente as influências da cultura inca nas várias obras católicas tornam esta catedral um sítio único.



Outro exemplo de católico sobre templos incas é o convento de Santa Catalina, que também recomendo a sua visita.



Mas deixando os catolicismos envergamos neste mundo desaparecido e perdemo-nos entre histórias de séculos e templos como Sacsayhuamán, que representava a cabeça do Puma (todas as cidades incas tinham a forma de um animal sagrado, e o Puma era o símbolo e guardião do mundo terrestre). Esta fortaleza com pedras enormes e bem polidas que se encaixam na perfeição faz-nos pensar como foi possível, sem o recurso a máquinas ou a qualquer objecto cortante nem sequer ao conhecimento da roda, transportar e construir tamanho exemplar.



Ainda tivemos tempo para visitar Tampumachay sítio de culto à água e ao descanso e Q’engo centro de culto à Pachamama (no quechua Pacha significa Universo, Mundo e Mama significa Mãe, Pachamama é a deusa que representa a fertilização e tudo de bom que cresce na terra).




Em todos estes lugares encontramos gente da terra a vender as mais variadas peças de artesanato carcterística deste recanto andino.




Pela noite é tempo de usufruir da gastronomia peruana. Deslocar-me em Cuzco é barato, com apenas 3 soles chegamos de taxi a qualquer parte da cidade, e qualquer carro pode ser um táxi, pois aqui não há taxímetros e tudo é negociável.
Ainda antes de regressar a casa e depois de mais uns Pisco Sour encontramos uma tuna a tocar em plena Plaza de Armas…”nem aqui nos livramos” pensámos nós! Mas venha daí a guitarra e vamos lá tentar tocar uma modinha para aquecer, em conjunto com a Tuna da Universidade de Iquique do Chile. Ups, venham é daí mais cinco, que eu pago já! Mas as cinco já lá foram e a manhã espera-nos com mais um dia de descobertas! É caso para dizer... deixámos de dormir, passámos a bater sestas!

1 comentário:

Eskilo disse...

Venha de la o chá que eu quero ir bater uma sesta!!