terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Entre o Minho e Trás-os-Montes

Com a passagem dos tempos o significado de certas coisas vai variando, pelo menos acontece muito comigo. As manhãs são um dos maiores exemplos disso mesmo, especialmente durante a semana. O nascer do sol, em tempos era visto como uma boa altura para ir para casa, sem antes passar pela pastelaria ou pela Tia Alice (quem percebe isto sabe o grande valor sentimental de uma sopinha daquelas com um verdadeiro panado). Hoje em dia, quando vejo o sol pela manhã, e se por acaso estou numa pastelaria, a ânsia é completamente diferente, porque o que eram a seguir oito horinhas de sono, passam agora a ser oito horas de trabalho, no mínimo. Mas nem tudo são pedras soltas num poço fundo, pois o ritmo semanal pode dar a oportunidade de, sem nos apercebermos estarmos acordados numa manhã de fim de semana, e sinceramente, que bem que sabe aproveitar uma bela manhã, solareira de preferência, para fazer o que mais se gosta. No meu caso e entre outras coisas aliei o meu gosto de viajar ao da natureza e rumei em direcção a um dos meus sítios preferidos para disfrutar desta aliança... A zona entre o Minho e Trás-os-Montes.
A primeira paragem foi em Fafião, freguesia de Cabril no Concelho de Montalegre. Aqui existe um trilho de construcção popular, que supostamente me levaria a usufruir da bela paisagem da peneda do Gerês. O supostamente claro, não coloca em dúvida a paisagem, mas sim o trilho, pois o que estava definido como indicador do percurso eram mariolas, mas destas nem vê-las, e acabei por criar o meu próprio percurso, o que me levou talvez a disfrutar, nem que seja da liberdade em escolher o roteiro. Por entre aldeias de pedra, antigos moinhos e lagares de azeite, ribeiros bravos e a paisagem sempre verdejante, caminhei sem destino, respirei bem fundo o ar puro que tão poucas vezes é usufruído, parei para observar, admirar e escutar...ou melhor por vezes e em certas partes o bom era mesmo não escutar, pois neste dia até a brisa falava baixinho.







Voltando à estrada, mas agora com todas as comodidades que o carro pode dar, ou não, vou até à capital do concelho para bem lá do alto junto às muralhas do castelo, ver o sol que acordou transmontano esconder-se no horizonte e adormecer minhoto. Nada extraordinário por estas bandas, pois o êxodo continua aqui bem patente, e por Portugal e por este mundo fora é com naturalidade que se encontra mais um transmontano. Que injusta e por vezes sem sentido é esta vida..vive-se sempre em busca de um bem-estar melhor, deixando por vezes lugares que acolhem os melhores bem-estares que se pode ter na vida!
O castelo de Montalegre, reza a história foi construído por cima de fortalezas romanas que por sua vez foram construídas onde se encontrava um castro do neolítico. Com esta descrição percebe-se a importância histórica mas também estratégica que este lugar teve ao longo dos séculos, e onde hoje não passa de um lugar de visita, onde se pode admirar, na minha opinião, um dos mais belos castelos de Portugal. Quem sabe, se um dia, não voltará a tomar a importância que teve no passado...







Segunda manhã, segunda manhã de sol, segunda manhã de sol que aproveito, segunda manhã de sol que aproveito mas desta vez bem no centro do Minho, na histórica e acolhedora Ponte da Barca, terra, mas não natal, do meu colega Jorge Barcas.. Jorge de Jorge, Barcas da Barca. E o que no início era para mim apenas a alcunha de um colega, passou a ser um dos meus lugares de eleição de passagem aquando das minhas visitas ao verde minho. Há quem diga também que Fernão de Magalhães cresceu por aqui, mas esta Barca não entrou pelo Pacífico nem deu a volta ao Mundo, apenas se limitava a fazer a ligação que era dividida pelo rio Lima. Até que chegou a famosa ponte datada do séc. XV e a união criou a passagem tão esperada mas também o nome de S. João da Ponte da Barca. Pelos vistos o S. João caíu algures na história, mas a Ponte essa continua e sem nunca se separar da Barca. Para além da ponte, as várias construcções feitas em granito, com os paços do concelho e o pelourinho a ver passar o Lima, a bonita igreja matriz, de S. João claro está, mais no alto, com a serra a fazer de pano fundo criam um verdadeiro postal de Portugal, e criam também um conjunto perfeito para um bom passeio a pé, pois só assim se pode admirar a beleza e tranquilidade que reluz nesta vila minhota.








O moinho concebido com o intuito de transformar o cereal em farinha, foi mais tarde aproveitado para criar energia...Pois vos digo, foi peça chave para renovar a minha! Passando a explicar, bem perto do rio existe um restaurante que se recomenda, e como os sabores da terra têm sempre prioridade, nada melhor que uma boa posta de carne barrosã assada na brasa, acompanhada por um bom verde tinto, bem fresquinho! Essa casa chama-se O Moinho! Pronto e mais não digo, porque depois deste almocinho estou mesmo pronto é...para dormir uma sesta!

5 comentários:

Pedro Silva disse...

"O nascer do sol, em tempos era visto como uma boa altura para ir para casa, sem antes passar pela pastelaria ou pela Tia Alice (quem percebe isto sabe o grande valor sentimental de uma sopinha daquelas com um verdadeiro panado)."

http://picasaweb.google.com/lh/photo/CWchgmFcVajcwIvcbl-HcQ?authkey=sIfCJVkxv18&feat=directlink

Deixo-te ficar um link para um foto que te vai trazer à memória grandes recordações!

Grande abraço

Ricardo P. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ricardo P. disse...

Olá ratosaltitão :)!Também gosto bastante do Minho e Trás-os-Montes.A par com com o Alentejo é dos favoritos em Portugal.

Faz bem visitar estes sitios, com uma calma de outrora onde nos apercebemos de outros modos de vida, alguns já bem distantes na nossa cultura...Faz bem parar para observar e meditar somente...

Abraço

Anónimo disse...

Ai Tia Alice, melhor ke lhe komer o panado, só mesmo komer-lhe a sopa.
Abraço

Pedro Silva disse...

Só para te lembrar de fazer uns updates ;)