sexta-feira, 25 de abril de 2008

Liberdade!



Estar fora do país e ser feriado em Portugal é algo perfeitamente normal, não fossemos nós um dos países com mais feriados. Mas hoje não é um feriado qualquer...
Acordei, mais um dia de trabalho me espera. Dentro da rotina normal diária, pego na minha bicicleta e pedalando ao longo dos meus atalhos, sempre junto ao lago e por meio dos bosques, lembrei-me que dia é hoje. O primeiro pensamento claro, um pouco de revolta, pois tenho de trabalhar num dia que deveria festejar...mas isso faz parte da minha escolha! Logo depois mil e uma recordações, do meu país, do que agora posso dizer, escrever,pensar, do que posso usufruir bastando para isso lutar, ainda que por vezes em batalhas desiguais, pois Abril ainda carrega muitas lacunas... em contraste recordo-me de muitas histórias que desde sempre ouvi, de como era esse passado que me é tão próximo, mas felizmente não tive de o viver. Aliás onde estaria eu e o que faria se não tivesse havido Abril? Para que não haja repetições, é preciso não deixar esquecer, o sofrimento e opressão que muita gente passou, por isso, cabe-me a mim e a todos os mais jovens passar a palavra, pois usufruimos deste sentimento único... (respiro fundo...pedalo...respiro fundo outra vez)

Como é bom ser livre!!!

Felizmente há palavras que valem mais que mil e uma imagens. Deixo-vos um pequeno excerto de um dos grandes poetas de Abril

(...)

Ora passou-se porém
que dentro de um povo escravo
alguém que lhe queria bem
um dia plantou um cravo.

Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era a liberdade.

Era já uma promessa
era a força da razão
do coração à cabeça
da cabeça ao coração.

(...)

Porque a força bem empregue
contra a posição contrária
nunca oprime nem persegue
– é força revolucionária!

(...)


In “As Portas que Abril Abriu” – José Carlos Ary dos Santos

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